Cobertura Avenged Sevenfold em Porto Alegre (22 de março)

Sobre o show

Cinco horas da manhã, cerca de cem pessoas já estavam na fila do Pepsi on Stage em Porto Alegre (RS). Dada a movimentação no local, era até difícil perceber quantos aviões desembarcavam na capital dos gaúchos. Mas algo pairava no ar, um misto de ansiedades em cada conversa dos que lá estavam. Mal desembarquei do microônibus que vim de Santa Maria (RS) e já sai entrevistando os fãs que estavam acordados. Uma lista numerada estava sendo feita para organizar a entrada dos que formavam a PISTA PREMIUM BUD ZONE e após muitas discussões durante o dia, é de parabéns que se preencheu as grades: o respeito e parceria do pessoal ficou guardado na lembrança.

Enquanto nos deslocávamos para o show, Renata Selmo e suas amigas decidiram ir ao hotel para tentar encontrar a banda. Ela nos disse “não podíamos surtar, pois ninguém sabia que a gente estava lá por causa deles. É tortura estar perto dos amores da tua vida e não poder fazer nada. O Johnny foi muito simpático, já o Syn não queria tirar fotos. Não tem como explicar a sensação de passar quatro horas com eles, foi perfeito e eu daria tudo pra viver isso de novo”.

Synyster Gates posando para fotos no Hotel DeVille (POA)

Durante o dia era visível a expectativa dos fãs. De diversos locais do Estado, de estados vizinhos e até de São Paulo, mais de sete mil pessoas circulavam pela zona norte da capital. A primeira da fila, Viviane (17 anos), de Porto Alegre (RS), disse que estava desde o domingo anterior acampando e que “a música faz parte da nossa vida” e que valia a pena fazer isso, para ver eles “porque tem uma história junto das músicas, deles mesmos” e por consequência da nossa.

Bandeira que chegou ao palco, feita pelos irmãos Feistler de Salto do Jacuí (RS)

Um grupo de tatuagens ambulantes foi se formando com o avançar das horas. Jovens e adultos de várias idades, ocupavam o mesmo espaço onde bandas como ZZ Top, Franz Ferdinand, The Offspring, Chuck Berry, NOFX, já se fizeram presentes. Sorrisos estampados, fotos coletivas, lanches comunitários: uma união que eu jamais havia visto em show algum (me corrijam se estiver errada). E nem a chuva que estava prevista para o dia atrapalhou. Mansamente ela desceu e lavou as almas do pessoal que, preparado, se aglomerava embaixo de capas e guarda-chuvas.

Visão parcial do público na fila do Pepsi on Stage (POA)

Num bate-papo coletivo, já no meio da tarde de sábado com o pessoal de São Gabriel (RS), Gravataí (RS) e Santa Rita (RS), que aguardavam o show desde às 8h da manhã, a resposta era “o show vai ser foda”. E literalmente esta foi a frase que mais foi ouvida quando se questionava sobre as expectativas. Gabriel Sauzem, de Santa Maria (RS) conta que desde 2009 acompanha o Avenged Sevenfold e talvez muitos dos fãs que lá estavam façam parte da geração mais nova. Para ele, a banda é a responsável por ele ter aberto sua mente para a música, especialmente para o rock, o trash, o heavy metal. Antes disso, Gabriel disse que não escutava absolutamente nada.

Entre algumas entrevistas, fotos e bate-papo com os fãs, duas meninas me abordaram dizendo que tinham uma história muito interessante sobre a banda. Graziela e Joana, amigas de Renata, se conheceram no aeroporto enquanto aguardavam a chegada da banda, que aconteceu por volta de 14h30 da tarde (horário de Brasília) de sexta-feira (21 de março), e segundo elas “foi um caos” pois mal dava para enxergá-los no meio de tanta gente.

Juliana e seu filho Renato com Synyster Gates (guitarrista)

Esclarecendo melhor o que ocorreu à noite, elas disseram que resolveram arriscar e foram jantar no Hotel DeVille onde eles estavam hospedados. Conseguiram falar com o baixista, Johnny Christ e o guitarrista, Synyster Gates, que foram receptivos e acabaram por fumar juntos ao redor da piscina. Autógrafos e fotos são as recordações que elas dizem que não irão esquecer, principalmente para a irmã de Graziela, a Giovana que realizou seu sonho.

Fãs do Avenged Sevenfold no Hotel DeVille (Foto: Reprodução/Facebook)
Fã com braço autografado pelo guitarrista Synyster Gates

O Rafael que, nos concedeu entrevista lá na fila, veio de Presidente Prudente (SP) para assistir ao show com a namorada e 1300km depois o rapaz chegou no final da tarde de sábado para comemorar os cinco anos de namoro. “Loucura total, mas estamos aqui pra isso”, relatou. Mil e setecentos quilômetros separavam Laís Choiseul de Porto Alegre e a garota assume que quando o show começou, não existiam dores que superassem a alegria de vê-los no palco. Em Beast and the Harlot, apenas a terceira do set, ela admite que já não tinha mais voz, “mas arranquei gritos lá da alma, sabem?”. Dizendo que nunca havia sido tão feliz quanto no dia do show, espera os próximos shows para sentir isso novamente. De longe também veio a Flávia, de Araucária (PR). Após conversarmos via Facebook, a garota decidiu que, além do show de Curitiba (PR), também assistiria ao show em Porto Alegre (RS), já que não era loucura ter passado horas na fila – pois foi bem recebida por lá, onde pôde dormir e descansar com o pessoal das barracas – , loucura seria não ter vindo já que “não queria esperar mais três anos para poder vê-los de novo”.

Paula Biazús e Jason Berry (drum tech)

PAUSA: Por volta de 16h, encontrei com Jason Berry saindo do Pepsi, onde pude entregar presentes que fãs haviam me repassado na manhã, além é claro da minha cachaça artesanal de butiá. Jason, muito simpático parou para tirar foto comigo e outra fã, Débora (de Salto do Jacuí/RS) e então se deslocou para o hotel.

Débora com Jason Berry (drum tech)

A fila, quando faltavam apenas 2 horas para a previsão de entrada, já chegava aos 2km de extensão, o que era bem pouco perto da expectativa do pessoal que, em vários momentos do dia, gritava “Sevenfold!” coletivamente. Preocupados após o blackout que aconteceu devido à sobrecarga em um transformador próximo ao Pepsi on Stage, vários fãs questionavam quando que se daria a abertura dos portões e como fariampara poder entrar. E nós, do Deathbat Brasil transmitimos o show a partir desde momento, em tempo real para os que nos acompanhavam.

A produção do show que foi parceria da Pepsi On Stage, Hits Entretenimento e Débora Tessler Conteúdo e Entretenimento assegurou que não haveriam atrasos, pois a previsão do conserto dos cabos e restabelecimento de energia era anterior ao prazo de abertura dos portões. Percalços à parte, tudo correu bem. Seguem os parabéns pela organização e produção do show!

Uma área, e o que foi uma novidade belíssima, foi isolada para que pessoas com necessidades especiais (PNE) pudessem acompanhar o show tranquilamente. Antes do show, Menezes e Joey, membros do crew da banda, foram entregar baquetas para eles.

PAUSA: alguém lembra da história do Menezes? Aquele cara que em 2011 me salvou de desmaiar e me encheu de água? Sim, ele permanece viajando com a banda – quando estes vem ao Brasil – e muito queridamente, quando de longe apontei para ele, fez menção como se fosse chorar por lembrar que eu fiz isso ao seu lado lá na Casa do Gaúcho. Um querido, mas a volta vem viu? (risos)

Após a abertura dos portões, fãs foram sendo revistados e entrando na casa de shows, tendo diversos de seus objetos jogados fora, pois ou poderiam machucar outras pessoas (como é o caso de guarda-chuvas e objetos perfuro-cortantes) ou porque eram gêneros alimentícios e que deveriam ser adquiridos no interior do local (o que é praxe em qualquer evento). Rafa Alcantara, produtor do primeiro DVD da banda, o Live at LBC, acompanhou este início de ocupação, registrando momentos para a mais recente produção, um DVD sobre a Hail to the King Tour.

Adentrando à casa de shows, meu joelho começou a inchar. Faltavam trinta minutos para o show começar quando os espaços da pista onde me encontrava estavam ficando escassos e recebi uma mensagem: “Eu achei que era você na pista. Não tive certeza. Se você puder vir aqui para trás você pode assistir comigo”. Era Matt Mills, diretor de iluminação do Avenged Sevenfold desde outubro do ano passado, um sujeito simples e divertido, que me convidou para acompanhar o show lá de seu espaço de trabalho. Não creio que tivesse podido tomar a melhor decisão, apesar de os seguranças terem pedido um sinal para que eu pudesse passar pelas grades da pista comum e Matt tivesse que se deslocar de seu posto para me buscar.

Infelizmente não pude tirar fotos de tudo o que vi naquele espaço, como a gravação que estava acontecendo na hora do show, pois poderia atrapalhar, mas a partir do momento em que estava lá, não faltaram informações e isso você pode ver na cobertura que foi transmitida em tempo real na fanpage e no Twitter do Deathbat Brasil.

PAUSA (para o riso): Eu havia levado dois celulares para realizar a cobertura e acompanhar novidades. Bem na hora do show, o meu principal resolveu “morrer”. Devido à troca, peguei o reserva e já dentro da área da produção audiovisual, fui testar a qualidade da câmera deste e Mills começou:

Paula Biazús e o diretor de iluminação da banda, Matt Mills.

– Do it again! (Faça isso de novo!)

– What? (O quê?)

– What, what? (O quê, o quê?)

– What, man? I was testing the light of that phone. (O que cara? Eu estava testando a luz do celular.)

– Yeah? I’m seeing. Take a picture of us. (Sério? Eu estou vendo. Tire uma foto de nós)

É de profissionalismo que se fala quando o show do Avenged Sevenfold vem para o palco. A equipe entra em contato visual e todos sabem o que está prestes a acontecer. Os técnicos e diretores de áudio, vídeo e iluminação, ao ver Arin Ilejay sentar em seu banco já sabem o que fazer: aguardar os gritos de todos os fãs e iniciar o espetáculo. Espetáculo pois é consenso que poucas bandas conseguem fazer o que o A7X tem feito: esgotar ingressos e ter um público tão apaixonado e que acompanha a banda em todos os acordes.

Mesa de controle de iluminação

Sobre o setlist, obviamente, todos esperavam alguma modificação. Requiem e Scream, além de Burn it Down e Chapter Four foram solicitadas pelo público durante o aguardo, nas filas. Mills comentou que devido à São Paulo ter sido a cidade de abertura para o restante do continente, a banda se sentia na obrigação de dar algo de presente e por isso tantas canções “das antigas” foram tocadas, mas só não entendia porque eles não estavam tocando Dear God, que é praticamente um hino. Para Thomas Cardoso (16 anos), o setlist abrangeu diversos CDs, com um “local lotado de fãs enlouquecidos, uma banda totalmente tranquila em cima do palco, fazendo seu show e ainda interagindo com o público, isso tudo se tornou o show mais especial da minha vida”. E note-se: diversas canções estavam preparadas pela produção, entre elas, as citadas aqui.

Sobre a atuação da banda no palco, todos os integrantes interagiram, a seu modo, com o público, mas dois merecem destaque: M. Shadows e Johnny Christ. Esses dois aprontaram poucas e boas, tornando a segunda passagem da banda por Porto Alegre (RS) ainda mais divertida. Ambos conversaram com o pessoal que se encontrava na grade, pausaram em momentos para que estes pudessem tirar fotos, atiraram beijos e ao fim, Shadows permaneceu assinando camisetas e outros objetos que foram lançados a ele.

Patrícia Matos, de Canoas (RS), que conheceu a banda através de sua irmã, contou que este foi seu primeiro show, além de Julia Gums e Fernanda Gonçalves que disseram que suas expectativas foram superadas, “não há palavras que definam o frio na barriga de quando eles entraram no palco,e muito menos a felicidade de vê-los pessoalmente. Os caras arrasaram e deixaram uma lembrança maravilhosa na minha história”, disse Patrícia; já Fernanda comentou que “havia horas, durante o show, em que eu olhava para o meu amigo e perguntava se estava realmente acontecendo, não parecia verdade, parecia que eu estava assistindo um DVD”; para Julia, que chorou muito, disse que seu coração quase saiu pela boca quando “decidi então tocar meu cartaz para o Zacky, e caiu no palco e ele viu, o cara que eu mais admiro na banda”, além deste momento, as amizades que fez no dia, levará para sempre. Para Nadia Chim, que viajou mais de 300km para assistir a banda, o Avenged tem um significado muito especial e sobre isso nos contou que “eles entraram na minha vida em um momento difícil e quando escutava com o volume alto me fazia bem”. O show fez parte da comemoração de nove anos de casamento. Parabéns!

Para Marina Pedroso, de Santa Maria (RS), o evento teve algumas partes não tão agradáveis. Por ter síndrome do pânico e claustrofobia, a menina passou mal antes do show iniciar. Foi levada pelo namorado até o aeroporto, onde somente no terceiro andar foi recebida pelos funcionários de uma farmácia, que tentaram lhe acalmar. Após não ter sido bem recepcionada pelo médico do aeroporto, elogiou o trabalho das enfermeiras que trabalhavam para o Pepsi on Stage naquela noite. Segundo ela, foram muito compreensivas. Marina retornou ao local, entrando pelo lado do palco, “e a sensação de estar tão perto da banda foi indescritível. A única palavra que eu consigo usar é surreal. (…) Não entendo muito de música, mas sei que eles conseguiram agradar até as enfermeiras”. No final, tudo ocorreu bem. Que bom!

Marina Pedroso e amigos, na fila do show

Quem teve a sorte de conhecer os caras de perto, minutos após o show ter encerrado foi o Affonso Wagner (17 anos), que mora em Santa Maria (RS). O guri nos contou que quando viu Johnny Christ vindo em sua direção quase deu um pulo de felicidade. O que recorda é que toda vez que um membro da banda se aproximava ele dizia que “vocês são foda pra caralho”, em bom inglês como vocês podem ver no vídeo em seu perfil.

Affonso Wagner com os membros do A7X

Após o show, já em minha cidade natal, conversei com Ivana Zoppas, que teve a chance de se hospedar no mesmo andar que a banda no DeVille – hotel onde a banda ficou na cidade (Porto Alegre/RS). Ela conta que, fora dos palcos, os integrantes da banda são totalmente o oposto do que costuma ouvir. Muito receptivos – obviamente que dentro do limite de suas privacidades -, conversaram nas áreas comuns com ela e sua amiga Ingrid. Conheceram Kim Ilejay, esposa de Arin, que estava acompanhando a tour na América do Sul; e questionaram Zacky Vengeance sobre ele ter deletado sua conta no Instagram: “Ele disse que nunca se sentiu tão incomodado com as pessoas querendo se meter na vida pessoal dele. Disse que não gosta de ouvir opiniões maldosas sobre os relacionamentos atuais dele, pois se são atuais é porque o fazem bem. Ele não quis dar muitos detalhes, mas acho que todos nós sabemos um pouco sobre o que ele estava falando”.

Ivana Zoppas com Big T (bodyguard do A7X)

Minhas impressões sobre o show? Assim como Synyster Gates abordou em uma entrevista ao G1, de que agora, com mais maturidade e dinheiro, eles puderam fazer shows ainda melhores, eu só tenho uma coisa a dizer: o tempo é amigo do Avenged Sevenfold, o tempo que todos esperamos foi longo, sim, porém as expectativas que se acumularam nesses quase três anos foram extrapoladas, incrivelmente. Foi forte, assim como a minha cachaça.

conversa realizada em 24 de março de 2014.

Em nome do site, eu e Matheus Amaral (nosso fotógrafo convidado): obrigada à todos que concederam entrevistas e que receberam o Deathbat Brasil em Porto Alegre!

Family Members na cobertura Avenged Sevenfold em Porto Alegre para o Deathbat Brasil

Setlist

01. Shepherd of Fire
02. Critical Acclaim
03. Beast and the Harlot
04. Hail to the King
05. Doing Time
06. Buried Alive
07. Seize the Day
08. Nightmare
09. Eternal Rest
Solo de guitarra
10. Afterlife
11. This Means War
12.Almost Easy

Encore:
13. Unholy Confessions
14. A Little Piece of Heaven

Galeria de fotos

Matérias na mídia

Blog Muita Rock: AVENGED SEVENFOLD: Confira como foi o show em Porto Alegre