M. Shadows fala sobre Rock In Rio, Deus, The Rev e críticas

O frontman do Avenged Sevenfold, M. Shadows, conversou com o blog The Current, no dia 17 de Outubro. Abaixo, você confere toda a entrevista:

Primeiro de tudo: conte-me tudo sobre tocar no Rock In Rio, no Brasil.
Ah, sim. Esse é um dos sonhos que as bandas jovens têm: tocar no Rock In Rio algum dia. Nós tivemos sorte suficiente para tocar com o Iron Maiden. Eu geralmente não fico nervoso para os shows, mas aquele foi um show que eu realmente queria fazer porque sabia que muita gente queria assistir online e nós temos uma base de fãs bem forte no Rio, então queríamos arrebentar naquela noite.

Você acha que o Avenged Sevenfold sofreu a ‘síndrome da banda famosa’? Quero dizer, vocês pareciam ser amados ou, pelo menos, respeitados pelos críticos até que vocês começaram a vendes alguns discos.
Você não pode ser tudo de uma vez. Sempre vão existir pequenas facções de pessoas que tem uma voz forte sobre suas opiniões, sobre você quando você não é exatamente o que eles querem que você seja. Quando começamos, como uma banda muito jovem na cena hardcore de Orange County, logo que começamos a nos separar disso, todos os jovens deixaram de ir aos nossos shows. Eles nos odiavam porque cantávamos e éramos um pouco mais melódicos. Mas isso acontece. Éramos uma banda legal para assistir na Warped Tour, mas se você perguntar à essa garotada, atualmente eles vão dizer: ‘Não, o Avenged Sevenfold não é uma banda da Warped, eles são um lixo’. ‘Eles são muito famosos, corporativos’. Quanto mais você cresce, mais existe isso. Então nós escrevemos a música que queremos escrever, vamos em turnê, fazemos a produção que queremos fazer e basicamente vivemos em nossa própria pequena bolha. Nós realmente não nos importamos com o que os outros falam.

Se eles gostam, ótimo. Mas se não…
Eu acredito muito que as pessoas não sabem o que querem até que consigam. Há poucas bandas que eu ainda escuto e que escrevem os mesmos álbuns sempre e sempre, sendo uma delas o AC/DC, e outra o NOFX. Eles sempre fazem o mesmo e eu os amo, mas a maioria das outras bandas que eu me desapaixono são aquelas que fazem as mesmas coisas, mas não me movem ou me desafiam. Isso é o que queremos fazer com a nossa banda: mover você de uma maneira que não tenha pensado no que queria. Você tem que dar às pessoas coisas que as assustam um pouco, que as sacudam, mas depois eles se envolvem. É assim que as coisas evoluem.

Essa filosofia de ‘dar as pessoas o que elas não sabem o que querem’ não poderia não ser relacionada à Steve Jobs. Você usa um Mac, por acaso?
Eu realmente uso um Mac, sim.

A banda alcançou seu maior sucesso depois de duas tragédias: a morte de seu baterista (Jimmy ‘The Rev’ Sullivan), em 2009, e a tentativa de suicídio do baixista Justin Sane em 2001, que teve que deixar a banda. Vocês quase se separaram, mas decidiram ficar juntos.
É um testemunho para os nossos fãs. Eles ficaram com a gente durante tudo isso. Quando Jimmy morreu foi muito, muito difícil. A razão pela qual nós pensamos em nos separar não foi porque não queríamos mais tocar um com o outro, mas não tínhamos certeza se continuar com o nome Avenged Sevenfold era o correto, considerando-se o quão igual [Jimmy] estava com a gente colaborando. Eventualmente, decidimos que a melhor maneira de continuar o legado foi seguir em frente. Para mim, é uma questão de o quanto você consegue manter sua cabeça longe do que os outros pensam sobre você, escrever as músicas que quer escrever e produzir os álbuns que você deseja gravar e lançar.

Os gritos acabaram de vez?
Eu não sei, sabe? É uma daquelas coisas, nós não ouvimos bandas que gritam. Eu ouvia quando eu estava no colégio e eu meio que cresci com isso. Talvez eu escutarei uma ou duas bandas. Mas eu prefiro ouvir bandas como o Iron Maiden e Metallica a ouvir bandas de death metal. Para mim, não faz sentido.

Conte-me sobre a sua relacão com Mike Elizondo, que produziu dois álbuns em sequencia para a banda depois de anos de auto-produção.
Nós nunca encontramos o sexto membro que estávamos procurando até conhecermos o Mike. Nós estávamos abertos a trocar ideias com pessoas diferentes, mas nós não queríamos trabalhar com ninguém. Mas Mike chegou com todas essas ideias e um amplo conhecimento de metal. Ele sabia absolutamente tudo sobre a nossa banda. Ele cresceu basicamente em favelas de Los Angeles e tudo o que ele fez foi tocar em bandas de metal progressivo. Sua maior influência é Keith Harris do Iron Maiden. Nós nos juntamos e começaram a surgir ideias. Concluímos que ele poderia acrescenter algo para a banda e que podíamos confiar nele. Quando Jimmy morreu, ele estava conosco o tempo todo e nós formamos uma amizade que é muito importante para a banda. Fizemos dois álbuns e espero que a gente continue.

Quem é o Rei que você fala no último albúm?
Um cara que destrói tudo para criar um império. A história humana sempre nos mostra pessoas que idolatram até os pés de pessoas que nos guiam. Para nós, isso era uma coisa muito intrigante, conseguirmos pessoas a ir para a guerra por nós. Nós nunca conseguimos superar a ideia de tudo ser igual, sempre temos alguém que nos orienta. Nós apenas escrevemos uma história com uma vibe do tipo Game of Thrones, do Século XVIII, um rei louco que destrói o seu povo. Não há realmente nenhum Rei, ele pode ser quem você quer que ele seja. Ele pode ser a fama, Deus, ou nenhum dos dois.

Falando em Deus…
Absolutamente não. Eu não acredito nessas coisas. Eu tento não entrar nesse assunto porque muitos dos nossos fãs são cristãos e muitos outros não são. Eu tenho minhas próprias crenças, mas eu não acredito em nenhum tipo de religião que temos atualmente. Mas nós definitivamente não somos uma banda cristã.

Vocês não tocam em San Antonio desde 2008. Nós gostamos de pensar que somos a capital do metal. Como vocês nos veem?
Nós amamos San Antonio. Nós não somos uma banda hip, bandas hip vão para Austin e fazem suas próprias coisas… É meio engraçado, mas para nós, San Antonio é uma das capitais do metal. Todo o Texas, Houston, Dallas, e até mesmo além, Arizona, Novo México, há tantos metaleiros lá. Toda vez que tocamos em San Antonio é muito intenso, tem tanta história… Ozzy e tudo aquilo. Nós não tocamos há algum tempo e estamos muito animados. Nós temos uma produção muito boa e as pessoas vão ficar maravilhadas. Mas eu também estou animado sobre o Deftones e espero que as pessoas cheguem cedo, porque o Ghost [BC] é uma banda incrível.