Arquivo A7X – A alquimia das guitarras gêmeas de Syn e Zacky

Em publicação de maio de 2009, a revista Guitar Center divulgou uma entrevista com Zacky Vengeance e Synyster Gates sobre suas respectivas carreiras intitulada “A alquimia das guitarras gêmeas de Syn e Zacky”. As perguntas foram feitas por leitores. Confira na íntegra.

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Synyster Gates e Zacky Vengeance, do Avenged Sevenfold – Eles têm crescido de uma gravação magistral até um espetáculo de alto nível. Mas o que os leitores de Guitar World querem saber é…

Colby Denning: Vocês acabaram de lançar um DVD ao vivo (LBC&Diamonds In The Rough). O que os inspirou a fazer isso agora?
Synyster Gates: Levou muito tempo para cultivarmos e criarmos um show do qual nos orgulhássemos e achamos que alcançamos isso na turnê Taste of Chaos. Então decidimos filmar o show em nossa cidade, Long Beach.
Zacky Vengeance: Nós chegamos ao ponto em que nos definimos como uma banda confiante no que faz ao vivo. Nós realmente queremos fazer o melhor show possível, seja para uns poucos expectadores ou para centenas de milhares deles. Eu acho que há muita gente que viu o show e quer lembrar a experiência. E, também, há pessoas que nunca tiveram a chance de nos ver ao vivo. Então procuramos montar o DVD para todas essas pessoas. Nós somos muito gratos pela forma como as coisas rolaram. É uma grande realização para nós.

Bill Browning: Vocês fazem um show ao vivo incrível, com pirotecnia e tudo o mais. Quanto isso gera em prejuízo por noite e porque vocês acham que isso vale a pena?
Gates: Isso nos deu um pouco de prejuízo (risos). Essas coisas são dezenas de centenas de milhares de dólares. Mas nós fazemos isso por nossos fãs e pelo prazer de dar a eles o melhor show possível. Sim, é um sacrifício, mas é isso que estamos aptos a fazer. Nós colocamos nossos corações em tudo, não apenas na música e nas gravações. Nós demonstramos isso nos shows ao vivo, nos clipes e em tudo mais. Nós damos tudo de nós… inclusive nosso dinheiro!
Vengeance: Quando as pessoas gastam 30 ou 40 dólares em um ingresso, eles merecem ver algo melhor do que o normal. Eles realmente merecem um show legal. Nós queremos ter certeza de que todos estão se divertindo.

Jeff Todd: Vocês fizeram turnê no mundo e fizeram shows com algumas lendas. Qual a coisa mais memorável que vocês experimentaram na estrada? 
Gates: Estando em palcos com o Metallica e cantando alguns covers com eles foi uma grande honra.
Vengeance: Não foi nada mais nada menos do que tocar com o Metallica em Berlim, Alemanha, na frente de 80 mil pessoas. Eu não fico tão nervoso na frente de uma multidão, mas quando você está no palco com o Metallica na frente de tanta gente, fica difícil lembrar seu próprio nome, imagine as letras das músicas (risos). Nós nos atrapalhamos nas palavras e ficamos chateados com isso, mas nos divertimos muito. Foi um momento mágico.

Terrel Owsley: Assim como nós, tenho certeza que, como jovens guitarristas, vocês tiveram sonhos sobre como seria ser estrelas do rock. Qual foi a coisa mais inesperada sobre seu estilo de via? Os sonhos acabaram virando realidade?
Gates: Na verdade é bem normal. Eu nunca fui esse obcecado com a fama. O dinheiro é grande. Essas coisas eu já esperava e é realmente algo bom. Eu achei que me chatearia mais, mas eu seguro a onda quanto a isso. Eu moro porta a porta com minha família. Eu tenho uma noiva e um cãozinho que é como um filho para nós. A vida é normal. Talvez eu fique bêbado na estrada às vezes, mas faz parte.
Vengeance: Eu acho que quando você é jovem e você quer viver disso, você nunca para pra pensar sobre todo o lance por trás dos palcos e o trabalho que vem junto com isso. Você só quer saber de tocar no palco para milhares de pessoas e fazer muito dinheiro. Mas eu tenho aprendido que há toneladas de trabalho duro que vem com esse mundo. Mas, basicamente, ainda são cinco seres humanos que têm uma visão e dá muito trabalho realizar essas visões. Se queremos algo concretizado, ainda temos que fazermos nós mesmos. Nós ainda fazemos a divulgação e o planejamento dos shows, pois assim eles saem do jeito que queremos que eles saiam. Mas tem sido divertido e eu tenho aprendido muito. Eu tenho viajado por todos os lugares do mundo e conhecido muita gente legal. É mais dos que eu podia esperar.

Terrel Owsley: Qual foi o contratempo mais estranho com o qual vocês já tiveram que lidar no palco?
Vengeance: Meu maior “acidente” foi quando estava na Warped Tour há cerca de 5 anos atrás. Estávamos tocando em Indiana (EUA) e estava tipo 40 graus. Quando estava na terceira música da lista, M. Shadows estava girando seu microfone e ele bateu em mim perfeitamente no topo da minha cabeça. Ele cortou minha cabeça e o que me lembro era do sangue pingando do meu rosto. O sangue se misturou ao meu suor e entrou nos olhos e na minha boca. Por causa do calor e do monte de sangue que eu estava perdendo, comecei a sentir que ia desmaiar. Achei esse vídeo no YouTube também. Você pode ver onde eu começo a tocar as notas erradas e quase desmaiando. Mas eu te digo que eu fiz todo o resto do setlist do show, encharcado de sangue e suor. [Assista ao vídeo aqui.]

Eddie Talbot: Quais são suas configurações em shows ao vivo, tanto de guitarras, amplificadores e efeitos? 
Gates: Nós acabamos de ter o aval de Marshall, então esse é o jeito que estou tocando agora. Antes, era tudo sobre Bogners. Mas, uma vez que colocamos as mãos numa Marshall JCM800, nós percebemos o quão loucos eles eram. Eu toco Schecters e coloco um Boss CS-2 na minha cadeia.
Vengeance: Eu sou um grande fã das cabeças Bogner Uberschall e dos cabos básicos Bogner, mas eu me apaixonei recentemente pelo Marshall JCM800. Minha guitarra é a que leva minha assinatura Schecter Zacky Vengeance, com Seymour Ducan JBs em ambas posições. É a mesma que a versão produzida.

Molly Simmons: Vocês não só tocam músicas boas, mas também têm uma aparência legal tocando. Quão importante é o estilo pessoal para o Avenged Sevenfold?
Gates: (Risos) Eu realmente não tenho pensado sobre isso, mas eu acho que é importante. Minha namorada desenha tudo o que visto. Sua empresa se chama Syn Gates Clothing. Eu sei, é um nome bem criativo (risos). O Avenged deixa isso de lado quando estamos no palco, mas nós não sairemos andando parecendo uns maltrapilhos.
Vengeance: É definitivamente algo que nós temos muito prazer. Sempre fui um grande fã de estilo, sejam logos, artes de fundo ou vestuário. Eu tenho minha própria empresa de vestuário (a Vengeance University). E eu realmente acho que estilo é algo que separa certas bandas do resto do pacote. Eu sempre busquei olhar para bandas que têm bom estilo. A No Doubt com Gwen Stefani eram sempre um passo a frente. E Rancid and Social Distorcion estavam sempre com um visual cool no palco. Eu acho que enquanto isso passa a sensação de real, é legal. Nós estamos sempre tentando contrastar com o outro no palco, onde sou eu vestindo laços ou o Johnny usando botas Mohawk ou vindo em sapatos de golf. Isso nos diverte.

Frank Young: Vocês têm qualquer plano para um novo projeto? Vocês têm escrito algo para ele?
Vengeance: Agorinha estamos focados em nossa turnê. Mas nós tivemos em casa por uma semana aqui e ali e eu tenho escrito coisas, muitas delas coisas que eu me inspirei na estrada.
Gates: Temos diferentes ideias, mas nós vamos esperar até que tenhamos uma completa ideia antes de iniciarmos a falar sobre esse projeto. Mas nós não misturamos turnê e composição. Apenas gostamos de dar 100% de foco para o que for que estejamos fazendo naquela hora e agora estamos na turnê.

Elliot Sax: Syn, você pode solar no rock pesado e no metal. Tem algum exercício ou dica que você recomendaria para um jovem guitarrista que está tentando se tornar mais versátil?
Gates: Se você é bom em pegar técnica, eu acho que pode adotar tudo. Você deve definitivamente saber sobre o movimento legato, que é geralmente relativo ao metal e som distorcido. Se você consegue uma pegada mais arrastada, contida e alternada, então você pode tocar guitarra acústica, normal ou qualquer uma que pegar. Então tudo é sobre como você delineia as mudanças de acordo. Com o metal, você provavelmente estará dentro e no jazz você estará fora, mas a técnica irá servir para ambos.