“O importante é fazer o melhor show possível” – afirma M. Shadows

Em entrevista a revista inglesa Front publicado nessa segunda-feira (04),  M. Shadows falou sobre o novo álbum, relação da banda com a gravadora, família, mudanças de estilo e muito mais. Segue abaixo a entrevista completa.

O novo álbum de vocês Hail To The King foi lançado esse mês. Estão animados?
Muito. Eu amo os caras da banda e amo sair com eles, então nós achamos que também podemos escrever algumas músicas. Elas tiveram boas em relação a várias coisas – nós só nos importamos com o que pensamos como grupo, por que somos todos amigos. Ninguém ali fica estressado, nós extravasamos o que sentimos. Se você é um fã do AC/DC, Sabbath sente que as vezes a melhor coisa é dirigir por uma estrada com as mãos para cima, dando o dedo, dizendo como se isso fosse para alguém.

É o sexto álbum da banda, ele seria como uma libertação pra vocês poderem escrever as músicas que querem?
Nós sempre escrevemos o que queremos. As pessoas tem uma perspectiva interessante sobre as grandes gravadoras. Nosso relacionamento com a nossa gravadora sempre foi do tipo “Aqui tá o dinheiro, nós avisem se precisarem de alguma coisa, só nos mostrem quando terminarem tudo”. Eles nunca nos disseram o que deveríamos fazer ou não.

O som de vocês mudou muito nesses seis álbuns. Vocês ouvem muita reclamação dos fãs antigos por isso?
Todo álbum que lançamos nós ouvimos alguma merda. Nós criticam se mantemos o mesmo estilo ou se mudamos alguma coisa. Quando lançamos City Of Evil depois de Waking The Fallen foi uma puta confusão. Nós achávamos que o álbum estava muito bom, mas as pessoas comentavam “Isso é uma droga!”. Eles nos chamavam de vendidos, mas provavelmente oito das onze músicas possuem mais de oito minutos o que é uma coisa muito longa, isso seria a ultima coisa que uma banda “vendida” poderia fazer. Você não pode sempre conquistar todos.

Você já se envolveu em alguma discussão pela internet?
Eu nunca faço comentários ou discuto sobre a minha vida pessoal. Ao menos que alguém me ataque fisicamente, eu não me importo com o que façam ou pensam. Essas coisas não são nem um pouco importantes pra mim.

Qual foi a coisa mais estranha que você já leu sobre você mesmo?
Existe muita coisa sobre a minha voz, que eu não consigo gritar porque eu fiz uma cirurgia, e eu tento explicar que eu não quero mais ficar gritando, mas as pessoas não entendem o que eu digo, então eu parei de tentar explicar isso. E também tem coisas aleatórias como “Eles estiveram na minha cidade e fiz sexo com eles… “. Qualquer um pode ver no nosso site se estivemos lá ou não, então que seja…

Você já ficou sabendo de algum rumor sobre sua morte?
Não sobre mim, mas isso não aconteceu com Bon Jovi recentemente? Eu acho que seria até legal, se eu visse alguma notícia sobre a minha morte provavelmente eu iria para algum lugar, me esconderia e largaria tudo.

Estamos conversando em um hotel muito luxuoso – você trocaria esse glamour todo, pela van com os caras que vocês usavam antigamente?
É claro que eu gostaria que o The Rev ainda estivesse aqui, por que estaríamos com 40 anos bebendo muito e zoando uns com os outros, levando doze horas dirigindo até uma cidade, vendendo umas camisetas e fazer tudo isso de novo. Era divertido. Você sente falta dessas coisas as vezes, mas ao mesmo tempo você acaba amadurecendo. Eu tenho 32 anos e tenho um filho recém nascido, eu não quero ser um pai que está sempre viajando o tempo todo, quero ser aquele tipo de pai que leva o filho junto com ele nas turnês. Se você ganha dinheiro, qual o problema de fazer isso junto da sua família?

Seu filho vai ter sem dúvida uma infância muito divertida…
Sim, felizmente ele não vai ser como um idiota. Nós o manteremos sempre pé no chão. Eu cresci em uma van, com apenas um dólar no bolso, minha família não tinha muito dinheiro e quando eu comecei em uma banda de punk, depois de hardcore que depois se tornou uma banda de metal e a realidade agora é que as vezes temos que fretar um jatinho. As vezes nós vivemos em um ônibus que custa milhares de dólares. Ele vai precisar entender que isso não aconteceu do nada, mas que tivemos que trabalhar muitos anos para dar certo.

Você gostaria que seu filho seguisse seus passos no metal?
Ele é muito ligado à música – ele é único e está batendo na bateria e fazendo barulhos em um microfone. Eu quero que ele faça o que ele quiser, mesmo que seja pra ele ser um jogador de golfe ou um físico…Normalmente, as pessoas crescem e pensam “O que meu pai faz não é legal. Fodas- se pai, eu vou para faculdade”.

Vocês estão crescendo rapidamente, sem dúvida com o objetivo de serem a maior banda do mundo.
As vezes nós respondemos algumas perguntas como “O Iron Maiden e o Metallica não podem ser sempre as bandas principais, então vocês caras, vão ser os próximos?” Eu seria um covarde se disse-se não, porque eu gostaria de fazer isso. Mas para ser honesto, são os fãs que decidem se querem que nós tomemos esse posto ou não. Alguém precisa tomar essa responsabilidade de vez em quando, não tem como em todo o festival o Iron Maiden ser a banda principal e também não tem como uma banda de metal pesado estar em um palco ou show onde Mumford & Sons e The Lumineers são as principais bandas. O metal precisa ser conhecido pelas pessoas, por isso é bom que tenham grandes bandas. As bandas de rock não serão banidas das rádios, se elas forem reais, se transmitirem algo, se forem clássicas e influenciadas na raiz metal. Se formos essa banda, estou dentro.

Vocês estão fazendo a primeira turnê em arena depois de dois anos – qual é o próximo plano?
Vocês terão 80.000 a 100.000 pessoas no Download, certo? Nós já esgotamos 30.000 ingressos para o nosso show na Inglaterra cinco meses antes. Não se trata de querer aparecer e exagerar, mas sim tocar no momento certo e fazer o melhor show possível.

Se o dinheiro não é um objetivo para vocês , como a produção dos shows seria feita?
Eu sou um puritano, sobre o que eu quero e acho que tenha que ter nos shows, em relação ao cenário o KISS é muito bom, mas o Iron Maiden são os reis, cara. Nós ainda temos muita coisa pela frente ainda para sermos parecidos com eles, mas eles sempre terão uma sensação de novidade. Em relação a isso somos bem parecidos com eles, e sempre haverá uma coisa diferente que podemos fazer. Nós não vamos ficar girando em cordas ou qualquer coisa desse tipo. Eu só gosto de um pouco de fogo, cara. Eu quero ver a banda tocando e explodindo as coisas só isso.